quarta-feira, 27 de maio de 2015

A Visita de Chita Rivera

Algumas coisinhas sobre o musical The Visit (baseado na peça de Friedrich Dürrenmatt, A Visita da Velha Senhora), atualmente em cartaz na Broadway com a emblemática Chita Rivera no papel de Clara Zachanassian.



A peça, com libreto de Terence McNally e composições da dupla Kander & Ebb (falecido em 2004), estreou no ano de 2000 e foi criada originariamente para Angela Lansburry... que não estreou, sendo substituída por Chita numa montagem que ficou entre Boston e Chicago, não tendo estreado na Broadway - devido aos ataques das Torres Gêmeas (o popular 11 de Setembro).

John Kander e Fred Ebb. Foto: The Old Globe.

Uma nova montagem em 2008, desta vez em Arllington (Virginia) trouxe Rivera novamente no papel. Em 2011, Rivera mais uma vez cantou num The Visit In Concert para, finalmente, neste ano de 2015 brilhar na Broadway e justificar a mais que merecida indicação ao Tony de Melhor Atriz em Musicais.



Dizem as más línguas que a peça não vai bem. Mas outros (as boas línguas) contam que Chita, grande amiga de Liza Minelli, ao entrar em cena é ovacionada num papel que marca definitivamente seu lugar como grande estrela latina da Broadway.

Em artigo publicado no USA Today, Liza Minelli afirma que esta montagem marca o fim de uma era na Broadway. Especialmente porque trata-se da última criação de uma dupla que agora sente a falta de Fred Ebb - uma parceria que durou mais de 40 anos. Ela diz:


"seu trabalho viverá em remontagens até o fim dos tempos, claro, 
mas a emoção e o privilégio de ouvir suas palavras e música cantadas 
em alto e bom som pela primeira vez é uma experiência singular." 



Quanto a nós, do Ensaio Geral, resta-nos esperar que a peça fique muito tempo em cartaz para que mais e mais pessoas possam ver Chita Rivera em cena em pleno coração de Nova Iorque - a Broadway.



sábado, 23 de maio de 2015

Entrevista: Jarbas Homem de Mello

Ele é um verdadeiro camaleão a serviço de sua arte. Canta, dança, atua... e entende do que faz.
Em 2012 entrevistei o ator, cantor e bailarino Jarbas Homem de Mello. Na época ele fazia brilhantemente o Emcee da montagem de Cabaret, produzida e protagonizada por Cláudia Raia. Foi um papo com mais de 2 horas que resultou numa entrevista editada de 30 minutos.

Jarbas Homem de Mello e Cláudia Raia em Cabaret. Foto: divulgação. 

De lá pra cá, ele sapateou sua alegria em Crazy For You - em que brilhava como comediante e bailarino - e estreou recentemente Chaplin, O Musical, agora sem a companhia de sua parceira mais constante dos últimos anos, La Raia.

A dupla em Crazy For You. Foto: Francisco Cepeda. 
Mas em Chaplin ele continua muito bem acompanhado, ao lado de Naima (com quem já fizera Zorro), Paula Capovilla (amiga e parceira de longa data) e o global Marcelo Antony. Chaplin conta com uma ficha técnica de fazer inveja... mas não é o assunto nem deste post e muito menos da entrevista.

Jarbas Homem de Mello, como Chaplin. Ao lado de Paulo Goulart Filho e Marcelo Antony.
Paula Capovilla e Naíma. Foto: divulgação. 


No papo que você vai ver no vídeo abaixo, Jarbas fala dos primeiros anos de carreira, sobre a experiência nos musicais de franquia, teatro de revista, sua visão sobre o musical brasileiro e muito mais. Uma verdadeira aula!






Aqui vai a segunda parte da entrevista de Jarbas Homem de Mello. 
Se curtiu, deixe seu comentário! E faça sugestões de mais entrevistas. 





terça-feira, 12 de maio de 2015

10 coisas que sei sobre Urinal

Muito tem se falado sobre Urinal - O Musical.  E têm surgido muitas discussões bem interessantes sobre a peça, a montagem, o texto etc. E essas conversas levam a questionamentos, dúvidas e perguntas até frequentes.

Acredito que algumas dessas perguntas serão sempre melhor respondidas se feitas ao diretor do espetáculo e à diretora musical, Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia, respectivamente. Mas acho que há uma coisinha ou que o Ensaio Geral pode adiantar:


Elenco de Urinal. Foto:Ronaldo Gutierrez
1 – O nome original é Urinetown, portanto a tradução para Urinal é ideal em sentido e, principalmente, do ponto de vista da versão musical (com as tônicas perfeitamente adequadas à partitura da canção-título).

2 – Urinetown é um uma comédia musical americana, que nasceu para o Fringe em 1999 e chegou ao Off-Broadway em 2001, ganhando o mainstream da Broadway ainda no mesmo ano. Daí seguiu carreira em tours pelos Estados Unidos e indo para Londres. Conta o autor do libreto, Greg Kotis que a origem da peça está numa viagem que ele fez a Paris quando estudante. Lá, se viu obrigado a pagar pelos banheiros públicos da cidade. A pergunta veio logo à sua cabeça: e se não houvesse banheiros particulares e esses banheiros públicos estivessem nas mãos das grandes corporações?

 Fábio Redkowikz, Thiago Ledier, Bruna Guerin, Gerson Steves, Daniel Costa e Roney Facchini Foto:divulgação


3 – A obra é uma sátira aos musicais tradicionais, mas também um alerta em tempos de crise: estamos, sim, nas mãos das grandes corporações e até mesmo aquilo que antes nos pareceria gratuito ou um bem comum - como a água ou alguns direitos básicos - hoje nos é cobrado. Se pensarmos bem, já pagamos mais por um litro de água do que por um litro de gasolina!

4 – São muitas as referências aos musicais conhecidos de todos nós.  Especialmente por ser um metamusical com origens nítidas no cabaré alemão e no teatro de Bertolt Brecht e Weill - tanto na dramaturgia quanto na música. Assim, a peça brinca com obras que vão desde a Ópera de Três Vinténs até musicais mais contemporâneos como Les Misèrables, West Side Story, Evita, Sweeney Todd e muitos outros.

5 – Diferentemente de obras como Chicago ou Cabaret que possuem números que comentam a ação cumprindo funções dramáticas e narrativas, em Urinal as canções são muito mais dramáticas (no sentido de  “empurrarem a ação para frente”), até porque a função narrativa está na boca do narrador da peça – o Policial. Em Urinal, se as canções forem extraídas, a peça fica quase impossível de ser compreendida.

6 – Urinal é um musical muito compacto, especialmente em seu libreto. As cenas de diálogos são rápidas, algumas até telegráficas. Isso deixa para as canções (dos mais diferentes gêneros e estilos) a importante tarefa de contar a peça.


Caio Salay, Thiago Carreira, Adriana Alencar, Bia Bologna, Luciana Ramanzini, Paulo Marcos Brito e Nabia Villela.
Foto: Ronaldo Gutierrez

7 – Todo cenário da montagem nacional, bem como seus figurinos – ambos assinados por Zé Henrique – são produzidos a partir de reaproveitamento de materiais e peças de acervo rearranjadas para atender às necessidades dessa encenação.

8 – A direção musical apostou numa sonoridade mais acústica, por assim dizer, e os cinco músicos em cena, do mesmo modo que os 14 atores, não estão amplificados para a plateia. O que se ouve é um resultado mais humano, com uma diversidade de corpos e vozes que podem ser expressivos sem aquele som metálico que às vezes é comum em teatro musical.

9 – Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia já estudavam a obra há alguns anos, trabalhando e retrabalhando as versões (com supervisão de Cláudio Botelho). Experimentaram possibilidades numa montagem com alunos, até chegarem ao momento presente em que a crise hídrica por que passa a cidade fez com que a urgência da encenação se impusesse.  


Gabriel Malo, Inês Aranha, Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula. Foto: divulgação Portal R7

10  Urinal foi ensaiada em 10 semanas. Nas primeiras três, os diretores e os preparadores corporais e coreógrafos (Inês Aranha e Gabriel Malo) preferiram que o elenco estudasse profundamente a parte musical antes de entrar de sola na fase de “levantar cenas”. Já na terceira semana, começaram os exercícios de construção física de personagens conduzidos por Inês e os primeiros passos (literalmente) de coreografia. Logo em seguida, Zé Henrique começou a levantar as cenas. Na oitava semana, o elenco já fazia ensaios corridos. 



sábado, 9 de maio de 2015

Oito e meio... Nove!

Em alguns dias, estreia mais uma franquia musical vinda da Broadway. E, mais uma vez, dirigida pela dupla Möeller & Botelho. Trata-se de Nine - Um Musical Felliniano. Se você é jovem, não é lá muito fan de cinema e é um apaixonado por musicais, talvez não saiba que Nine leva esse subtítulo só aqui no Brasil. E, isso, por conta de suas origens que nos levam a muito antes dessa ideia de que o título da peça é por conta das mulheres que cercam o protagonista Guido.

Algumas das estrelas da montagem brasileira de Nine - Um Musical Felliniano

Há muitas histórias por trás desse musical cuja ideia original nasce em 1973 como um produto escolar de Maury Yeston. Mais tarde, Yeston une suas canções ao libreto de Arthur Kopit e produz, em 1982, este musical que tem sua origem em um filme de Federico Fellini de 1963. 
Capas das edições do Playbill de Nine. À esquerda da montagem de 1982 e, à direita, do revival de 2003. 

De lá pra cá, após um revival e alguns prêmios Tony, Nine chega aos cinemas numa produção dirigida por Rob Marshall em 2009 e com um elenco estelar.  Quer saber mais sobre as origens de Nine antes de ver o montagem de Möeller&Botelho? Então assista este vídeo que o Ensaio Geral preparou só pra você!