Muito tem se falado sobre Urinal - O Musical. E têm surgido muitas discussões bem interessantes sobre a peça, a montagem, o texto etc. E essas conversas levam a
questionamentos, dúvidas e perguntas até frequentes.
Acredito que algumas dessas perguntas serão sempre melhor respondidas se feitas ao diretor do espetáculo e à diretora musical, Zé
Henrique de Paula e Fernanda Maia, respectivamente. Mas acho que há uma coisinha ou que o Ensaio Geral pode adiantar:
![]() |
Elenco de Urinal. Foto:Ronaldo Gutierrez |
1 – O nome original é Urinetown, portanto a tradução para
Urinal é ideal em sentido e, principalmente, do ponto de vista da versão
musical (com as tônicas perfeitamente adequadas à partitura da canção-título).
2 – Urinetown é um uma comédia musical americana, que
nasceu para o Fringe em 1999 e chegou ao Off-Broadway em 2001, ganhando o
mainstream da Broadway ainda no mesmo ano. Daí seguiu carreira em tours pelos Estados Unidos e indo para Londres. Conta o autor do
libreto, Greg Kotis que a origem da peça está numa viagem que ele fez a Paris quando
estudante. Lá, se viu obrigado a pagar pelos banheiros públicos da cidade. A
pergunta veio logo à sua cabeça: e se não houvesse banheiros particulares e esses banheiros públicos estivessem nas mãos das grandes corporações?
![]() |
Fábio Redkowikz, Thiago Ledier, Bruna Guerin, Gerson Steves, Daniel Costa e Roney Facchini Foto:divulgação |
3 – A obra é uma sátira aos musicais tradicionais, mas também
um alerta em tempos de crise: estamos, sim, nas mãos das grandes corporações e até
mesmo aquilo que antes nos pareceria gratuito ou um bem comum - como a água ou
alguns direitos básicos - hoje nos é cobrado. Se pensarmos bem, já pagamos
mais por um litro de água do que por um litro de gasolina!
4 – São muitas as referências aos musicais conhecidos de todos nós. Especialmente por ser um metamusical com
origens nítidas no cabaré alemão e no teatro de Bertolt Brecht e Weill - tanto na dramaturgia quanto na música. Assim,
a peça brinca com obras que vão desde a Ópera de Três Vinténs até musicais
mais contemporâneos como Les Misèrables, West Side Story, Evita, Sweeney Todd e
muitos outros.
5 – Diferentemente de obras como Chicago ou Cabaret que
possuem números que comentam a ação cumprindo funções dramáticas e narrativas,
em Urinal as canções são muito mais dramáticas (no sentido de “empurrarem a
ação para frente”), até porque a função narrativa está na boca do narrador da
peça – o Policial. Em Urinal, se as canções forem extraídas, a peça fica quase impossível
de ser compreendida.
6 – Urinal é um musical muito compacto, especialmente em
seu libreto. As cenas de diálogos são rápidas, algumas até telegráficas. Isso
deixa para as canções (dos mais diferentes gêneros e estilos) a importante tarefa de contar a peça.
![]() |
Caio Salay, Thiago Carreira, Adriana Alencar, Bia Bologna, Luciana Ramanzini, Paulo Marcos Brito e Nabia Villela. Foto: Ronaldo Gutierrez |
7 – Todo cenário da montagem nacional, bem como seus figurinos – ambos assinados por Zé Henrique – são produzidos a partir de reaproveitamento de materiais e peças de acervo rearranjadas para atender às necessidades dessa encenação.
8 – A direção musical apostou numa sonoridade mais
acústica, por assim dizer, e os cinco músicos em cena, do mesmo modo que os 14
atores, não estão amplificados para a plateia. O que se ouve é um resultado mais humano, com uma diversidade de corpos e vozes que podem ser expressivos sem aquele som metálico que às
vezes é comum em teatro musical.
9 – Zé
Henrique de Paula e
Fernanda Maia já estudavam
a obra há alguns anos, trabalhando e retrabalhando as versões (com supervisão
de Cláudio Botelho). Experimentaram possibilidades numa montagem com alunos, até chegarem ao momento presente em que a crise hídrica por que passa a cidade fez
com que a urgência da encenação se impusesse.
![]() |
Gabriel Malo, Inês Aranha, Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula. Foto: divulgação Portal R7 |
10 – Urinal foi ensaiada em 10 semanas. Nas primeiras
três, os diretores e os preparadores corporais e coreógrafos (Inês Aranha e
Gabriel Malo) preferiram que o elenco estudasse profundamente a parte musical
antes de entrar de sola na fase de “levantar cenas”. Já na terceira semana,
começaram os exercícios de construção física de personagens conduzidos por Inês
e os primeiros passos (literalmente) de coreografia. Logo em seguida, Zé
Henrique começou a levantar as cenas. Na oitava semana, o elenco já fazia ensaios corridos.
Minha promessa dos meses de Junho e de Julho: ver Urinal - o Musical!
ResponderExcluirEsperamos vc por lá! Venhaaaa!
ResponderExcluirassisti e é sensacional! :)
ResponderExcluir