terça-feira, 12 de maio de 2015

10 coisas que sei sobre Urinal

Muito tem se falado sobre Urinal - O Musical.  E têm surgido muitas discussões bem interessantes sobre a peça, a montagem, o texto etc. E essas conversas levam a questionamentos, dúvidas e perguntas até frequentes.

Acredito que algumas dessas perguntas serão sempre melhor respondidas se feitas ao diretor do espetáculo e à diretora musical, Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia, respectivamente. Mas acho que há uma coisinha ou que o Ensaio Geral pode adiantar:


Elenco de Urinal. Foto:Ronaldo Gutierrez
1 – O nome original é Urinetown, portanto a tradução para Urinal é ideal em sentido e, principalmente, do ponto de vista da versão musical (com as tônicas perfeitamente adequadas à partitura da canção-título).

2 – Urinetown é um uma comédia musical americana, que nasceu para o Fringe em 1999 e chegou ao Off-Broadway em 2001, ganhando o mainstream da Broadway ainda no mesmo ano. Daí seguiu carreira em tours pelos Estados Unidos e indo para Londres. Conta o autor do libreto, Greg Kotis que a origem da peça está numa viagem que ele fez a Paris quando estudante. Lá, se viu obrigado a pagar pelos banheiros públicos da cidade. A pergunta veio logo à sua cabeça: e se não houvesse banheiros particulares e esses banheiros públicos estivessem nas mãos das grandes corporações?

 Fábio Redkowikz, Thiago Ledier, Bruna Guerin, Gerson Steves, Daniel Costa e Roney Facchini Foto:divulgação


3 – A obra é uma sátira aos musicais tradicionais, mas também um alerta em tempos de crise: estamos, sim, nas mãos das grandes corporações e até mesmo aquilo que antes nos pareceria gratuito ou um bem comum - como a água ou alguns direitos básicos - hoje nos é cobrado. Se pensarmos bem, já pagamos mais por um litro de água do que por um litro de gasolina!

4 – São muitas as referências aos musicais conhecidos de todos nós.  Especialmente por ser um metamusical com origens nítidas no cabaré alemão e no teatro de Bertolt Brecht e Weill - tanto na dramaturgia quanto na música. Assim, a peça brinca com obras que vão desde a Ópera de Três Vinténs até musicais mais contemporâneos como Les Misèrables, West Side Story, Evita, Sweeney Todd e muitos outros.

5 – Diferentemente de obras como Chicago ou Cabaret que possuem números que comentam a ação cumprindo funções dramáticas e narrativas, em Urinal as canções são muito mais dramáticas (no sentido de  “empurrarem a ação para frente”), até porque a função narrativa está na boca do narrador da peça – o Policial. Em Urinal, se as canções forem extraídas, a peça fica quase impossível de ser compreendida.

6 – Urinal é um musical muito compacto, especialmente em seu libreto. As cenas de diálogos são rápidas, algumas até telegráficas. Isso deixa para as canções (dos mais diferentes gêneros e estilos) a importante tarefa de contar a peça.


Caio Salay, Thiago Carreira, Adriana Alencar, Bia Bologna, Luciana Ramanzini, Paulo Marcos Brito e Nabia Villela.
Foto: Ronaldo Gutierrez

7 – Todo cenário da montagem nacional, bem como seus figurinos – ambos assinados por Zé Henrique – são produzidos a partir de reaproveitamento de materiais e peças de acervo rearranjadas para atender às necessidades dessa encenação.

8 – A direção musical apostou numa sonoridade mais acústica, por assim dizer, e os cinco músicos em cena, do mesmo modo que os 14 atores, não estão amplificados para a plateia. O que se ouve é um resultado mais humano, com uma diversidade de corpos e vozes que podem ser expressivos sem aquele som metálico que às vezes é comum em teatro musical.

9 – Zé Henrique de Paula e Fernanda Maia já estudavam a obra há alguns anos, trabalhando e retrabalhando as versões (com supervisão de Cláudio Botelho). Experimentaram possibilidades numa montagem com alunos, até chegarem ao momento presente em que a crise hídrica por que passa a cidade fez com que a urgência da encenação se impusesse.  


Gabriel Malo, Inês Aranha, Fernanda Maia e Zé Henrique de Paula. Foto: divulgação Portal R7

10  Urinal foi ensaiada em 10 semanas. Nas primeiras três, os diretores e os preparadores corporais e coreógrafos (Inês Aranha e Gabriel Malo) preferiram que o elenco estudasse profundamente a parte musical antes de entrar de sola na fase de “levantar cenas”. Já na terceira semana, começaram os exercícios de construção física de personagens conduzidos por Inês e os primeiros passos (literalmente) de coreografia. Logo em seguida, Zé Henrique começou a levantar as cenas. Na oitava semana, o elenco já fazia ensaios corridos. 



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